A linguagem não-verbal do corpo assume
uma importância vital nas relações, onde através de um mundo de signos e
símbolos vem falar de verdades e identidade do ser. O corpo, uma instância da
pessoa, ele próprio constituindo-se historicamente
e sendo moldado e delineado por uma série de instituições, como a cultura, as
crenças, os hábitos, a família, a escola, a religião, o capitalismo, entre
outros, instituições estas que o atravessam enquanto corpo, o qual traz em si
uma linguagem não-verbal, a qual constitui em si um grande analisador. A sua
própria história de vida, vista de uma perspectiva geneticista, tem em si um
mundo de atravessamentos. Este próprio corpo confere poder na forma como se
apresenta. E este corpo atravessa o próprio
sujeito que o constitui, produzindo modos de subjetivação.
É neste sistema de crenças e hierarquias,
que vão sendo tecidas as relações de poder do corpo social. Esta construção do
indivíduo vai de desenrolando em uma
espécie de rede, tecida pelas relações de poder. Este poder está
permeando todas as formas de relações de modo muito sutil, dando a ilusão de
que somos livres. Em sua obra “Psicologia uma Nova Introdução”, Luís Cláudio
Figueiredo, usa o termo “subjetividade privatizada”, através do qual o ser
humano passa a ter consciência da sua própria existência, quando historicamente
vai se constituindo como dono de si próprio, saindo de um período medieval onde
era totalmente destituído de sua individualidade. Então Figueiredo coloca que a “liberdade” que
o indivíduo pensa ter, parece ser ilusória, uma vez que temos que viver em um Regime Disciplinar ,
onde tudo obedece a uma ordem. O ser humano precisa ser colocado na sociedade
de forma disciplinar, eis aí o poder atravessando este indivíduo em seus modos
de ser.
O corpo é uma expressão do indivíduo,
podemos dizer que não há separação entre corpo e ser, somos um ser “corpóreo”,
inteiro, indivisível. Através deste corpo a pessoa se coloca no mundo, este
corpo é o palco das emoções, dos sentimentos, dos pensamentos, da
sensibilidade, é a expressão mais autêntica da essência do indivíduo. As vias
de expressão encontram-se nos gestos, nas atitudes, na voz, na sexualidade, na
escolhas das roupas, na postura, no olhar...etc...
Comportamento facial, manifestação dos
afetos, olhar fala a linguagem da alma.“O
rosto possui um olhar e uma irradiação da qual ninguém pode subtrair-se. O
rosto do outro torna impossível a indiferença, porque nos obriga a tomar
posição, uma vez que fala, pro-voca, e-voca, e com-voca. O rosto e o olhar
lançam sempre uma pro-posta em busca de uma res-posta. Nasce assim, a
res-ponsa-bilidade de dar res-postas, ou seja, a ética do reconhecimento do
outro como igual a mim.” (Saúde e Resgate da Vida, Simpósio de Psicologia,
pág.5).”
Pensando aqui na Psicologia do Esporte,
o corpo coloca-se como instrumento de trabalho enquanto força, capacidade
física, condicionamento e potência. Um corpo que se coloca diante de outros
corpos e se estabelece uma forma de relação e de comunicação. Penso que,
especialmente para o atleta, este corpo lhe confere maior ou menor
autoconfiança, fator imprescindível para uma boa performance. Portanto, a
consciência deste corpo, dos seus limites, da sua linguagem silenciosa,
torna-se vital para o atleta.
Corpo, um lugar de muitas memórias, de
muitas histórias, um rico tecido social, atua como um revelador da verdade do
vivido interior da pessoa. Podemos considerar o corpo um velho sábio que é
preciso escutar.
Uma boa leitura!!!
Uma boa leitura!!!
Um grande abraço e até breve!