RE=edirecionamento
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
VIDA DE BOLEIRO
Meus queridos leitores!!!
Quero, neste blog, que iniciou em janeiro de 2012, além de artigos científicos, também estar trazendo para meus seguidores, bem como todo o público que estiver interessado em ler textos relacionados com o contexto esportivo, matérias que falam do dia a dia de tantos atletas, das dificuldades enfrentadas, do delicioso sabor das conquistas, das emoções que perpassam o fenômeno esportivo, que, certamente, são muitas.
Em tudo que tenho vivenciado, tanto em campo, quanto fora dos gramados (falo aqui de futebol, que é minha maior experiência), deparo-me com muitos epsódios que merecem a escrita de crônicas, fazendo boas e profundas reflexões acerca do fazer esporte, da adrenalina que percorre esse contexto, da paixão que invade o coração quando está vivenciando situações esportivas, como por exemplo, estar diante do jogador que é teu ídolo, estar na torcida de um jogo importante...são tantos os momentos especiais...e é sobre isso que quero estar falando com vocês, para que possamos fazer o exercício do pensamento juntos. Me aguardem, aos poucos minhas postagens vão ficar mais diversificadas, em uma mescla do científico, com experiências de vida, minhas e dos atletas.
E, para começarmos, trago para vocês um vídeo que fala sobre a vida de boleiro, que entre treinos e jogos, tem um encantamento, porque quando fizemos nossas atividades com paixão, o trabalho torna-se um prazer.
Um abraço a todos e até mais!
Espero que gostem do vídeo.
sábado, 28 de janeiro de 2012
RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA E RELAXAMENTO MUSCULAR
“O
indivíduo que não respira corretamente reduz a vida do seu corpo. Se não se
movimenta livremente, limita a vida de seu corpo. Se não se sente inteiramente,
estreita a vida do seu corpo e, se sua auto-expressão é reduzida, o indivíduo
terá a vida do seu corpo restringida. ( Lowen, 1982, p.38)”
“Assim,
respirar profundamente significa viver profundamente, avançando das cavernas de
nossas prisões em direção à luz de nossa própria liberdade.”
As citações acima são extremamente profundas, o que nos remete a importância que
deve ser dada à respiração.
Decidi escrever sobre o tema "Respiração e Relaxamento" por que percebo que há um descaso, bem como, uma falta de
informação e conhecimento das pessoas, de um modo geral, acerca do ato
de respirar.
No
trabalho que realizo com atletas futebolistas, bem
como treinadores, constatei a surpresa e
o estranhamento de todos quando mencionei a respiração e o relaxamento como
técnicas extremamente eficazes para
baixar o nível de ansiedade e estresse das pessoas em diferentes contextos. O
olhar era de incredulidade e desconfiança, como se estivessem dizendo: “-
respirar???...para que isso???...que bobagem...”.
No entanto, à
medida que vão vivenciando a técnica, começam a familiarizar-se e criam o
hábito da respiração profunda e lenta, o que passa a se tornar normal para eles,
que passam a usá-la porque sentem os resultados
benéficos da prática, como uma sensação de bem-estar e tranqüilidade.
Respirar, no meu entendimento, representa o movimento da própria vida, de expansão e recolhimento, de
ir e vir, nascer e morrer, ciclos que começam e ciclos que terminam. E tudo na
natureza, se observarmos e percebermos com todos os nossos sentidos é
exatamente assim, esse movimento de expandir e recolher, o mar, o vento, as
plantas, o universo.
Se
o ato de respirar confere vida e morte, diria que a respiração é o sopro Divino
que habita em todos os seres e, é através deste ato tão simples e ao mesmo
tempo tão sagrado que é possível a vida. É exatamente o uso da respiração de forma consciente que é possivel baixar níveis e ansiedade e tensão muscular, constituindo-se assim, em técnicas utilizadas pela Terapia Cognitivo Comportamental -TCC - para enfrentamento da ansiedade e estresse.
Respiração diafragmática: A pessoa ansiosa
tende a respirar de forma superficial, rápida, ofegante, alternando tentativas de retenção do
ar ou a inspiração de grande volume de ar. Assim, os padrões inadequados de respiração conduzem a
hiperventilação e a sintomas fisiológicos decorrente do aumento significativo
de oxigenação sanguínea: tontura, parestesias, sufocação, taquicardia. Estas
sensações podem ser controladas
inicialmente através da respiração adequada, conforme a técnica descrita a
seguir (Ito, 1998).
A
respiração deve partir do diafragma, inspirando pela narina e expirando pela boca. Os movimentos devem ser pausados para
facilitar a desaceleração da respiração, contando-se até quatro para cada fase:
inspiração, pausa, expiração e pausa para nova inspiração. Devem-se utilizar os
músculos do abdômen, sem movimentar o tórax (empurra o abdômen para fora enquanto
inspira, como se estivesse enchendo um balão, e contraindo-o para dentro enquanto expira).
Podemos dividir o movimento respiratório em quatro momentos distintos, que são:
- Inspiração: movimento de trazer o ar para dentro dos pulmões.
- Pausa com pulmões cheios: momento em que o movimento inspiratório cessa e
os pulmões estão carregados de ar.
- Exalação: movimento de expulsar o ar dos pulmões.
- Pausa com pulmões vazios: momento em que a exalação cessa e os pulmões
Relaxamento Muscular: Jacobson descreve, em 1938, o papel da tensão neuromuscular e sua relação com as reações
emocionais e comportamentais.
O autor concluiu que o relaxamento muscular modifica as respostas mentais por
melhorar às reações do estado afetivo negativo e as ações conseqüentemente
associadas a elas.(Ito, 1998).
O relaxamento muscular
progressivo, consiste em uma orientação mais fisiológica do que psicológica, na qual o exercício envolve a prática de tensão e relaxamento dos
principais grupos musculares do corpo. Inicialmente o sujeito deve estar confortável em uma cadeira ou na
cama (pode ser colchonetes). Para facilitar a concentração, convêm fechar os olhos e focalizar na
sensação de tensão que deve iniciar nos pés, pernas, quadris, abdômen, mãos e
braços, ombros, pescoço, boca, olhos, nariz, testa e cabeça. Manter essa tensão
por 5 a 10 segundos e então relaxar todos os músculos ao mesmo tempo. Deixar a
tensão ir embora e ficar assim por 10 a 15 segundos. Deve-se induzir a
descoberta das sensações de conforto que surgem após o relaxamento. Orienta-se
repetir várias vezes, até que se sinta completamente relaxado. Se apenas
algumas partes do corpo permanecerem tensas, pratique a técnica de
tensão-relaxamento nessas áreas. Procurar relaxar também a mente, pensando em
algo agradável e respirando lentamente. Após um ou dois minutos, pode-se abrir
os olhos e alongar os músculos, movendo-os lentamente.
Após o uso correto e consciente da respiração diafragmática e do relaxamento muscular progressivo, uma sensação de leveza, paz e tranquilidade tomara conta de teu ser, o que resultará em uma melhora considerável nos níveis de ansiedade e estresse gerado no contexto esportivo, ocasionando em uma melhora siginificativa em sua capacidade cognitiva e aumento do desempenho na área motora.
Aproveite e faça bom uso dessas técnicas e sinta-se livre, leve e solto.
Após o uso correto e consciente da respiração diafragmática e do relaxamento muscular progressivo, uma sensação de leveza, paz e tranquilidade tomara conta de teu ser, o que resultará em uma melhora considerável nos níveis de ansiedade e estresse gerado no contexto esportivo, ocasionando em uma melhora siginificativa em sua capacidade cognitiva e aumento do desempenho na área motora.
Aproveite e faça bom uso dessas técnicas e sinta-se livre, leve e solto.
Becker Jr. (1996) adverte que o relaxamento progressivo não pode ser utilizado por portadores de hipertensão arterial e outras patologias cardiovasculares, pois a contração muscular realizada no exercício, causa uma grande pressão sobre o aparelho cardiovascular.
Referências bibliográficas:
Referências bibliográficas:
ELIAS, Marcos Teixeira.Sobre a arte de respirar bem. Curitiba: Centro Reichiano, 2007
.Disponível em: www.centroreichiano.com.br/artigos.htm.
BECKER JR, Benno; SAMULSKI, Dietmar. Manual de treinamento psicológico para o esporte. Novo Hamburgo: Feevale, 2 edição, 2002.
ITO, L.M. e cols. Terapia Cognitivo-Comportamental para transtornos psiquiátricos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p. 13-26.
ITO, L.M. e cols. Terapia Cognitivo-Comportamental para transtornos psiquiátricos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p. 13-26.
Uma boa leitura a todos e um forte abraço!
Até mais...
Esp.Angela Maria Antonelli
Psicologia do Esporte e do Exercício Fisico
Esp.Angela Maria Antonelli
Psicologia do Esporte e do Exercício Fisico
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
QUAL O VERDADEIRO SENTIDO DO ESPORTE?
Percebe-se que o esporte
deixa de ser um ator coadjuvante, para tornar-se um fenômeno social, adquirindo
um espaço considerável nos meios de comunicação, onde valores vigentes nas
sociedades atuais, como competitividade, a busca constante pela excelência e
bons resultados, perpassam às diferentes práticas esportivas, cujas
modalidades, sejam elas individuais ou coletivas, produzem novos modos de ser,
de se estar no mundo e de se estabelecer relações humanas.
Então, na verdade, estamos
engendrados no sistema capitalista, sendo que o capitalismo torna-se um jeito de organizar o
estado, o qual vai gerenciando as relações entre as pessoas, que vai organizando a sociedade em uma rede de
relações
de poder, na qual valores como sucesso, fama e poder, vão
sendo disseminados em todos os segmentos do tecido social.
Mas, é isso o
que queremos do esporte?...
O esporte é sinônimo de saúde física e mental. Pensamos em educar através do esporte, transmitindo valores e princípios como respeito às diferenças, a cultura do coletivo, a cooperação, a coesão e o solidarismo, entre outros, que consideramos importantes para que possamos formar cidadãos e assim construirmos uma sociedade saudável.
Sabe-se que
deveria haver uma mudança nessa forma de organizar a sociedade, para que se pense
no caráter humano das relações, no bem-estar dessa sociedade, visando muito
mais a união do que o lucro somente, de modo a criar um sistema que aproxima as
pessoas, inclui e acolhe.
Pensando aqui
nas necessidades básicas do ser humano, podemos perguntar:
-“Mas o que é fundamental para o bem-estar da sociedade?...
O que realmente é importante?
Qual o verdadeiro sentido do esporte?...
Fama?...
Poder?...
Sucesso?”...
Bem, poderíamos dizer que isso é bom, faz parte de nossos desejos e fantasias de SER, ser alguém importante, influente na sociedade, na mídia e por aí afora. Porém, faz-se necessário termos um olhar crítico em relação ao verdadeiro sentido do esporte, a fim de que possamos modificar seu fazer tradicional.
-“Mas o que é fundamental para o bem-estar da sociedade?...
O que realmente é importante?
Qual o verdadeiro sentido do esporte?...
Fama?...
Poder?...
Sucesso?”...
Bem, poderíamos dizer que isso é bom, faz parte de nossos desejos e fantasias de SER, ser alguém importante, influente na sociedade, na mídia e por aí afora. Porém, faz-se necessário termos um olhar crítico em relação ao verdadeiro sentido do esporte, a fim de que possamos modificar seu fazer tradicional.
Na verdade,
temos enquanto humanos, uma necessidade que ultrapassa qualquer forma de poder
e fama, que é a necessidade de sermos amado, de sermos aceito, de pertencermos
a um grupo, a começar pela família, escola, amigos, trabalho, lazer, esporte e
tantos outros grupos que possamos fazer parte.
Portanto,
podemos concluir dizendo, que o fundamental para o bem-estar da sociedade,
do esporte, é exercitarmos a aceitação do outro na convivência, respeitando
suas diferenças, pois sem essa aceitação, não há fenômeno social. E ainda mais,
o amor é a maior força do universo, é a emoção central na história da evolução
humana, condição necessária para um desenvolvimento físico, mental, social e
espiritual.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Psicologia do Esporte
A Psicologia do Esporte, ao contrário do que se pensa, não é um campo de
atuação recente. Segundo Weinberg & Gould ( 2008), Já na década de 1890, na América do Norte , o
psicólogo Norman Triplett, dá início à Psicologia esportiva ao estudar a
diferença no desempenho de ciclistas que corriam em grupo em relação aos que
pedalavam sozinhos. Após, entre 1921 e 1938, Coleman Griffith foi o primeiro norte-americano a dedicar boa
parte de sua carreira à psicologia do esporte, sendo considerado o pai da
psicologia do esporte americana. Entre 1939 e 1965, citamos Franklin Henry,
responsável pelo desenvolvimento científico da área, dedicando-se ao estudo
profundo dos aspectos psicológicos da aquisição de habilidades esportivas e
motoras. Surgiu como disciplina acadêmica na década de 60, sendo que Bruce
Ogilvie, foi um dos primeiros consultores de psicologia aplicada ao esporte.
Entre 1978 e 2000 foi marcado como um período de crescimento, não só na América
do Norte, mas no mundo, tornando-se um campo mais aceito e respeitado.
Atribui-se à Ferruccio Antonelli, o mérito por grande parte do desenvolvimento
da psicologia do esporte, sendo que foi o primeiro presidente da International Society of Sport psychology
(ISSP), estabelecida em 1965, foi também o primeiro editor do International
Journal of Sport Psychology (IJSP ), 1970.
Entende-se que vislumbrar o humano em toda sua grandeza, de forma a
estabelecer uma conexão entre o corpo e a mente, sem dúvida, é uma
necessidade, de forma a ampliar o olhar que se tem para o sujeito, procurando
compreender essa complexa relação que ai se estabelece. Assim, em uma prática
esportiva, os treinos buscam constantemente aperfeiçoar a técnica, a tática de
jogo, a melhora do condicionamento e da força física, mas o que fizemos com os
pensamentos,? Com as emoções? Os sentimentos? Com os comportamentos?...Podemos
deixá-los de lado, como se eles não existissem?...Não, não é possível, porque
isso faz parte do que somos, de quem somos, de nossa história pessoal, portanto
corpo e mente são igualmente importantes.
Isso posto, acredita-se que a psicologia do esporte vem preencher uma
lacuna existente nas diferentes práticas esportivas, individuais ou coletivas, no
que diz respeito às questões emocionais, cognitivas e comportamentais. Para
Becker Jr.( 2000, 2008 ), a psicologia
esportiva pretende investigar as causas e os efeitos das ocorrências psíquicas
que apresenta o ser humano antes, durante e após o exercício ou o esporte,
sendo estes educativo, recreativo, competitivo ou reabilitador. Assim sendo, a
psicologia esportiva deve ser responsável pelo bem-estar do atleta, pode apoiar
o indivíduo ou o grupo a fim de que as ações do ser humano possam ser
aperfeiçoadas de acordo com a tarefa proposta, melhorando as demandas externas,
contribuindo para que o atleta melhore sua habilidade, alcance suas metas e
tenha suas necessidades atendidas. Segundo Weinberg & Gould ( 2008), a
psicologia do esporte diz respeito ao estudo científico de pessoas e seus
comportamentos em atividades esportivas
e físicas, bem como, a aplicação prática desse conhecimento.
Um treinamento psicológico, que pode ser individual ou grupal,
constitui-se de técnicas e procedimentos que têm como finalidade, auxiliar o
treinamento técnico, tático e físico, de forma a aperfeiçoar o rendimento,
obtendo assim melhores resultados em jogos e campeonatos.
Importante é ter a compreensão de que o esporte é um fenômeno social, e
que assim sendo, o contexto esportivo deve ser entendido a partir da
complexidade em que está inserido, onde atletas, treinadores, preparadores
físicos, fisioterapeutas, nutricionistas, bem como, todos os profissionais
envolvidos com a prática esportiva, fazem parte de uma equipe multidisciplinar,
na qual o psicólogo esportivo é um dos integrantes.
Acredita-se que para contemplar de maneira satisfatória a prática
esportiva, uma visão holística do processo esportivo é a que melhor atende
todas as demandas internas e externas do sujeito. Assim sendo, o psicólogo
esportivo deve estar atento ao aspecto situacional do ambiente esportivo, as
questões individuais do atleta, como traços de personalidade, história de vida,
crenças, valores, bem como as características pessoais do treinador,
vislumbrando também o aspecto sócio-cultural em que o esporte está inserido. Só
assim, com uma visão ampla do processo do desporto pode-se atender às
necessidades de todos os envolvidos, primando por um bom nível de comunicação,
lembrando sempre que o fundamental para estabelecer relações interpessoais saudáveis
é praticar a aceitação do outro da convivência, respeitando as diferenças, procurando desenvolver a empatia, de forma a
colocar-se no lugar do outro, que nosso agir seja justo e que se possa
contribuir para o desenvolvimento humano dos praticantes do desporto visando
seu bem-estar físico, emocional, mental e espiritual.
Esp. Angela Maria Antonelli
Relações Públicas
Esp. Psicologia do Esporte e do Exercício Físico
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE,
MEDIANTE UMA ANÁLISE DOS SEGUINTES ARTIGOS: “A influência da atividade física regular sobre o autoconceito”; “Atividade física e qualidade de vida”.
Angela Maria AntonelliEspecialização em Psicologia do Esporte e do Exercício Físico
1-
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
TAMAYO, Alvaro et al. A
influência da atividade física regular sobre o autoconceito. Estud.
psicol. (Natal) [online]. 2001, vol.6, n.2, pp. 157-165. ISSN 1413-294X. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2001000200004&lang=pt&tlng=pt SILVA, Rodrigo Sinnott et al. Atividade física e qualidade de vida. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2010, vol.15, n.1, pp. 115-120. ISSN 1413-8123.http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000100017&lang=pt&tlng=pt |
Durante o
processo de pesquisa deparei-me com diversos artigos que se entrelaçam. Isso
posto, decidi realizar o exercício do pensamento de forma a vislumbrar o humano
em toda sua grandeza. Desta forma, a proposta é estabelecer a conexão corpo e
mente, uma díade que, desde a ruptura causada pelo dualismo Cartesiano,
volta-se a repensar essa importante relação, que certamente é muito benéfica
para o olhar que se tem para o sujeito, onde será pensado em toda sua plenitude
e na complexa relação que ai se estabelece.
Já que o assunto é “Atividade física é Saúde”, nada
melhor que pensarmos o Corpo, como uma instância da pessoa. O corpo trata-se da linguagem não-verbal, a sua presença já é uma
forma de comunicação, portanto atua poderosamente nas relações interpessoais.
Os sentidos são as vias que passam a informação para o cérebro, que por feixes
de nervos desencadeiam sinais cerebrais que serão sentidos no corpo, como o
resultado de sensações agradáveis ou não. Então toques, texturas, sabores,
cheiros, sons, imagens são a forma de
comunicação com o mundo.
O corpo pode ser
visto como uma representação do vivido interior da pessoa. As sensações
corporais, como bem-estar físico, tensão...contém uma mensagem que informa
sobre o vivido do corpo, bem como o vivido psicológico. Isso posto, podemos
inferir que o corpo é um meio de expressão da pessoa, da sua sensibilidade, dos
sentimentos, do pensamento, do ser...(através dos gestos, do olhar, das
atitudes, da voz, da sexualidade, da escolha da roupas, etc...).
Podemos dizer
que somos ser e corpo, inseparavelmente, a ponto de podermos dizer que somos um
ser corpóreo. Esse corpo traz consigo uma história, uma longa história presente
em seus genes, bem como em tudo que o reproduz como sujeito, que é o ambiente
em que está inserido.
Portanto, tanto
a genética quanto o entorno social atravessam o sujeito reproduzindo modos de
subjetivação. Assim temos o ser humano em sua singularidade, com suas
características únicas, o que o diferencia na multidão. Isso me faz pensar o
quanto é importante esse conhecimento por parte dos profissionais da saúde, de
forma a contemplar essa complexa rede que constitui o sujeito inserido na
sociedade.
Essa relação
acima citada está marcada pela imagem corporal que, aos poucos, vai se
constituindo, a partir da percepção pessoal, do olhar e das reflexões dos
outros e também a partir dos esquemas culturais relativos ao corpo, os quais se
encontram vigentes na sociedade onde a pessoa está inserida. Cada cultura tem
seus próprios modelos e conceitos de corpo e, a relação que cada indivíduo
estabelece com seu corpo está condicionada à relação que os outros tiveram e
têm ainda com o corpo dela, com o corpo deles, com o corpo humano.
Dito isso,
podemos nos remeter ao auto-conceito que cada um tem, bem como a influência que
a atividade física regular exerce sobre a maneira que a pessoa se percebe, como
é percebida e, de que forma essa relação entre atividade física e auto-conceito
exerce influência na forma que este indivíduo se coloca no mundo, como se
estabelece suas relações interpessoais, bem como qual a repercussão que tudo
isso tem sobre sua qualidade de vida.
“O auto-conceito
pode ser definido como uma estrutura cognitiva que organiza as experiências
passadas do indivíduo, reais ou imaginárias, controla o processo informativo
relacionado consigo mesmo e exerce uma função de auto-regulação (Tamayo, 1993).
Niedenthal e Beike (1997) descrevem o auto-conceito como as representações
mentais das características pessoais utilizadas pelo indivíduo para a definição
de si mesmo e regulação do seu comportamento. As representações mentais de que
falam os autores têm sido também denominadas esquemas cognitivos ou
auto-esquemas. Os esquemas, afirma Cantor (1990), “moldam as percepções que os
indivíduos possuem das situações, suas memórias dos eventos e seus sentimentos
sobre si mesmos e sobre os outros” (p. 737). Os auto-esquemas resumem as
experiências passadas do indivíduo e organizam a ampla variedade de informações
relativas a si mesmo (Markus, Crane, Bernstein & Siladi, 1982). Os
múltiplos auto-esquemas de uma pessoa, porém, não podem ser processados
simultaneamente; assim, num momento determinado, somente um número limitado
deles será processado. Esse conjunto de auto-esquemas que é acessível num
determinado momento, constitui o que Markus e Kunda (1986) denominam
autoconceito de trabalho.” (TAMAYO, Alvaro et AL, 158)
Esta pesquisa
sobre auto-conceito, usou como amostra homens e mulheres de mais de 40 anos,
sendo que a Escala Fatorial de Auto-conceito
foi administrada a 200 sujeitos, metade deles praticando algum tipo de
atividade física regular no momento da pesquisa e a outra metade sendo
sedentários. A Anova 2X2 revelou efeito principal da atividade física regular e
do gênero sobre vários fatores do auto-conceito.
Normalmente,
consideram-se três componentes no auto-conceito: o avaliativo, o cognitivo e o
comportamental. O primeiro diz respeito à auto-estima e consiste na avaliação
global que a pessoa faz do seu próprio valor. Geralmente, a auto-estima
manifesta-se pela aceitação de si mesmo como pessoa e por sentimentos de valor
pessoal e de autoconfiança. Ela constitui um dos determinantes mais importantes
do bem-estar psicológico e do funcionamento social (Salmivalli, Kaukiainen,
Kaistaniemi & Lagerspetz, 1999). Já o componente cognitivo está constituído
pelas percepções que o indivíduo tem dos traços, das características e das
habilidades que possui ou que pretende possuir. E, por sua vez, o componente comportamental
consiste nas estratégias de auto-apresentação utilizadas pelo indivíduo, com o
objetivo de transmitir aos outros uma imagem positiva de si mesmo (Schlender, Dlugolecki & Doherty,
1994.
As pesquisas
demonstram que, tanto pelo ponto de vista teórico, quanto o empírico, o
principal formador do auto-conceito, parece ser a forma como a pessoa é
percebida pelos outros. Exemplificando essa afirmação, podemos citar frases
pronunciadas por escritores e filósofos: “- Eu reconheço que eu sou como os
outros me percebem”, afirma Sartre (1943,p.3180. Proust (1954, p.19) diz: “- a
nossa personalidade social é criação do pensamento dos outros”.
Em geral, as pesquisas empíricas nesta área têm
seguido direções complementares: o impacto do feedback social sobre o
autoconceito (Shrauger & Lund, 1975), a relação entre o autoconceito e a
maneira como o indivíduo é realmente percebido pelos outros (Gray & Gaier, 1974)
e a relação entre o autoconceito e a maneira como o sujeito pensa que é
percebido pelos outros (Tamayo, 1985). Segundo Sedikides e Skowronski (1997), o
autoconceito se forma e se desenvolve, em grande parte, pela internalização, por
parte do indivíduo, da maneira como as pessoas de um grupo o percebem e o
avaliam. “What we
experience as a self is a reflexive product of social interaction”, afirma
Cottrell (1969, p. 548). Os
outros formam como um espelho no qual, a partir das imagens sociais que ele
reflete, o indivíduo se descobre, se estrutura e se reconhece. (TAMAYO, Alvaro et AL, 159)
Observou-se
através das pesquisas, que a influência do esporte e da atividade física sobre
o auto-conceito, vai além da ação benéfica da atividade física sobre o
funcionamento fisiológico do organismo e a saúde mental, mas também da dimensão
social presente nesta variável.
Desta forma,
podemos inferir, que os padrões culturais atuais insistem na imagem de um corpo
atlético, como corpo ideal. Portanto, o simples fato de praticar uma atividade
física regular, independente dos seus resultados funcionais e estéticos, pode
desencadear no indivíduo, o sentimento, ou a impressão, de que essas exigências
normativas da cultura, estão sendo atingidas.
Em conseqüência,
a atividade física provocaria uma percepção do corpo mais positiva do ponto de
vista estético e da saúde.
A atividade física
em nossa sociedade, é vista como sendo altamente desejável, , fonte de saúde
física e mental, é uma característica do indivíduo moderno, sendo também um
indicador de assertividade e de auto-controle. Portanto, verificou-se que,
indivíduos que praticam atividade física regularmente, percebem-se com mais
autoconfiança, mais autocontrole e, mais adaptados às normas éticas e morais da
sociedade.
Apenas como
observação, fica aqui uma alerta àqueles indivíduos que, em função desse padrão
sócio-cultural vigente de corpo atlético, tornam-se dependentes do exercício,
desenvolvendo uma prática excessiva, o que não é benéfico para a saúde física e
mental. Na verdade, a gestão sadia do corpo requer um bom conhecimento dele,
assim como, seu potencial, limites, necessidades, ritmos, reações, sintomas, o
que o regenera, o que o prejudica, etc.
Pesquisas
demonstram que, independente de sexo, idade e profissão, ficou evidenciado que
a atividade física acarreta melhoras na qualidade de vida em todos os aspectos,
bem como, interferem positivamente no auto-conceito dos indivíduos e, em
conseqüência, há uma melhora nas relações sociais.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
domingo, 15 de janeiro de 2012
RESENHA SOBRE O ARTIGO DE OSCAR GONZÁLEZ FIGUEIRAS: ‘COHESIÓN DE EQUIPO’.
REFLEXÃO CRÍTICA
A leitura deste
artigo é instigante, interessante, motivadora e colocada de forma muito
compreensível e abrangente, de forma a contemplar a coesão interna sob todos os seguimentos que compõem, digamos, uma
instituição, onde a coesão é pensada a partir de diferentes níveis de percepção
e entendimento.
O autor, Oscar
González Figueiras, especialista em Educação física, licenciado em
Ciências da Atividade Física e do Esporte, se propôs a discorrer sobre a
coesão, movido pelo fato de fazer parte de uma equipe de futsal já há um bom
tempo. Portanto, escreveu sobre um assunto
de que gosta, é de seu interesse, tem muitas vivências em trabalhos de
grupo e, ficou claro que seus conhecimentos e experiências contribuíram para
que este artigo abordasse de forma muito inteligente a coesão interna de um
grupo de jogadores de futsal, mas que pode ser aplicada a qualquer grupo de
trabalho em diferentes instituições.
Inicio com um
antigo ditado popular: “A UNIÃO FAZ A FORÇA”. Tão antigo e,
ao mesmo tempo, tão atual e verdadeiro. Uma verdadeira equipe torna-se como uma
célula, dividindo o mesmo objetivo, mesmos valores, regras, caminhando juntos a
fim de cumprir com a tarefa que lhe é proposta enquanto célula, como se fossem
uma coisa só, onde genes diferentes se unem e se entrelaçam para formar uma
unidade que passa a possuir uma identidade singular, que lhe distingue dos
demais grupos.
A coesão,
segundo Oscar, é construída no dia a dia de trabalho coletivo, sendo que
construí-la requer conhecimentos e recursos técnicos, onde não basta somente a
boa vontade e a preocupação dos membros da equipe. Na verdade, trata-se de um
longo processo, que deve ser planejado e que vai se desenvolvendo aos poucos, envolvendo
a coordenação dos responsáveis pelo clube, o treinador e os próprios atletas.
As instituições,
de um modo geral, estão se voltando para a filosofia do trabalho em equipe,
como um sistema de produção e gestão.
Digamos que um
dos aspectos vitais para se construir a coesão é possuir uma boa liderança e,
na sua ausência, dificilmente grupos irão tornar-se equipes autênticas. Então
podemos pensar, mas o que se entende por liderar?...em que consiste a coesão interna?..
Coesão interna,
segundo o artigo se define como:
·
el campo total de fuerzas que
actúa sobre los miembros de un grupo para que permanezcan en él"
(Festinger, Schacter y Back, 1950).
·
"el proceso dinámico que
se refleja en la tendencia grupal de mantenerse juntos y permanecer unidos en
la persecución de sus objetivos y metas" (Carron, 1982).
Existem muitos
grupos, porém pouquíssimas equipes. Segundo Oscar, apesar de um número reduzido
de estudos em relação ao desempenho esportivo, de uma forma geral, há uma
relação positiva entre a coesão da equipe e o êxito esportivo em esportes onde
se faz necessário a cooperação. Se tem observado, por exemplo, que quando
existe coesão interna, há um maior esforço do grupo na realização das metas
coletivas, maior envolvimento e maior pontualidade de seus membros, uma maior
satisfação pessoal dos componentes da equipe e uma maior estabilidade quanto a
estrutura e a organização do grupo.
Na sua
experiência como jogador de futsal, Oscar relata dois momentos de sua vivência
como atleta, a qual considero importante trazer, pois ao meu ver, contempla de
maneira satisfatória a diferença crucial entre GRUPO e EQUIPE, vejamos
como age uma equipe: ‘cada jogador sabia o que seu companheiro ia
fazer muito antes da sua realização. Podíamos ajudar melhor uns aos outros,
pois já sabíamos onde cada um podia falhar, assim nos antecipávamos ao seu
erro, de forma a ajudá-lo, o que repercutia positivamente nos resultados da
equipe’. Agora sua experiência em um grupo: “este ano se pode apreciar uma
importante falta de sentimento grupal dentro do vestiário, onde cada um vai por
sua conta, não existe essa ajuda mútua da qual falávamos antes, e cada um se
importa bem pouco se seu companheiro faz bem ou mal.”
Oscar faz as
seguintes perguntas, que considero muito eficazes para que se possa interagir
junto aos grupos á que nos propomos trabalhar como psicólogos esportivos: como
se traduz a coesão na dinâmica interna do grupo?...Que efeitos tem a coesão
interna sobre o grupo e seus membros, sobre a relação entre eles e sobre o
trabalho pelos objetivos comuns á equipe?
Entende-se que
coesão e rendimento se retroalimentam entre si, uma relação em que a coesão
interna favorece o rendimento e, este, por sua vez, potencializa a coesão da
equipe.
Podemos citar
algumas características que fazem parte da coesão, entre elas:
compartilhar e aceitar os objetivos
propostos para a equipe; comunicação clara; aceitação das normas que organizam
o trabalho e a convivência interna da equipe; perseverança nas dificuldades,
buscando soluções coletivamente evitando
críticas; a satisfação pessoal está
diretamente relacionada com a coesão da equipe; indivíduos de uma equipe
sentem-se mais motivados para o trabalho e ao esforço quando existe coesão
interna; quanto maior a coesão em uma equipe, mais difícil será seus membros
abandonarem esta equipe.
E, como inimigos
da coesão interna, podemos citar: o individualismo, onde jogadores
disputam entre si qual é o melhor; pouca aceitação dos objetivos; falta de
clareza acerca dos papéis dentro do grupo; ausência de normas claras; problemas
na comunicação; muita troca de seus membros; diferentes líderes, disputa pela
liderança; incompatibilidade de personalidades.
A coesão de uma
equipe não é tão fácil de se construir, pois depende de muitos fatores, além do
mais, depende de um nível de consciência e do engajamento de todos os
envolvidos no processo, ou seja, clube (instituição), equipe técnica, atletas.
O treinador, no seu papel de liderança, é também um educador e um motivador,
suas atitudes e comportamento são essenciais para estabelecer um bom ambiente
de trabalho, o qual deve conhecer bem seus jogadores, potencializar no
vestiário uma cultura de trabalho em equipe, resolver conflitos, ter reuniões
freqüentes, estabelecer uma boa comunicação entre todos os membros da equipe,
ter na pessoa do capitão um mediador que reforce sua própria autoridade junto
aos jogadores, deixar bem claro a função de cada um no grupo, bem como a sua
importância para o êxito da equipe, observando sempre a evolução da dinâmica
interna, estando atento a tudo que acontece entre seus jogadores e, uma série
de outros requisitos fundamentais a um líder, mas que não é o foco deste
trabalho.
Aos jogadores cabe respeitar as diferenças individuais e estabelecer um clima de
empatia entre eles, desenvolvendo uma atitude de apoio mútuo, evitando as
críticas e censuras, a fim de fortalecer a relação com atitudes de
encorajamento, elogios e reconhecimento, criando assim uma atmosfera de boa
vontade e bem estar. E, quando a equipe não tem um bom desempenho, cada um deve
fazer uma análise de seu trabalho a fim de melhorar, sendo responsável com as
tarefas e obrigações de cada um, pois disso depende o rendimento da equipe. Na
verdade, os próprios atletas devem zelar pelo bem estar do trabalho em equipe,
buscando sempre a eliminar comportamentos prejudiciais, mobilizando-se na busca
de soluções diante de conflitos, tendo sempre em mente que, a dedicação e o
empenho são contagiosos dentro de um grupo, de modo a criar um clima de
trabalho e esforço, o que torna um time forte nas adversidades.
E, ao
clube, espera-se que potencialize a cultura de trabalho em equipe,
tenha conhecimento da importância da coesão interna, estabeleça critérios para
a escolha da comissão técnica e jogadores, de modo a valorizar aspectos do
capital humano que permitam desenvolver um bom trabalho, onde haja respeito
mútuo entre todas as partes envolvidas no processo.
Isso posto,
pode-se concluir que construir a coesão interna exige, por parte de todos os
envolvidos, um comprometimento com as propostas de trabalho, um agir
responsável, uma dedicação e esforços constantes movidos por uma forte intenção
de se fazer o melhor pelo bem da equipe e de seu rendimento.
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